A produção de lixo em Belo Horizonte teve um aumento de 14% nos últimos nove anos, segundo dados da Superintendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU). Foram 689 mil toneladas em 2018, contra 603 mil toneladas em 2009. Ao mesmo tempo, houve queda de 4,6% na quantidade de resíduos destinados à reciclagem: de 6,5 mil toneladas para 6,2 mil toneladas no período – a redução é ainda maior (13,6%) de 2017 para 2018. Se antes, só 1% do total de material descartado era reciclado na capital, o índice caiu para 0,9% no ano passado. 

O município tem, até 2036, a meta de reciclar ao menos 11% do ‘lixo’ produzido e de atingir 100% dos moradores com a coleta seletiva de recicláveis. Isso é o que prevê o Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, publicado em 2017 e que segue diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010.
No entanto, atualmente, apenas 15% da população tem acesso a coleta porta a porta. A SLU informou, por meio de nota, que os dados apresentam um histórico de “variação irregular entre o aumento e a diminuição das taxas”. “No entanto, independentemente deste fato, a expectativa com as novas ações é de aumento do volume, não só em números, mas também na qualidade do material coletado”, declarou o órgão. 

Pontos verdes. Nesse esforço, a SLU lançou neste ano algumas ações, dentre elas, a substituição dos Locais de Entrega Voluntária (LEVs) pelos Pontos Verdes. São contêineres instalados nas ruas, próximos ao meio-fio. Em vez de vários reservatórios com cores diferentes para cada tipo de reciclável, agora o padrão é o verde. “Percebemos que essa separação por cores, muitas vezes, confundia a população e acabava desestimulando a participação das pessoas”, explicou a chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU, Ana Paula Costa Assunção.

Os Pontos Verdes começaram a ser distribuídos no último dia 23, e a promessa é que, até o fim do ano, a cidade tenha 78 instalações – até então, eram 62 LEVs. Em 2020, o número de locais de entrega voluntária deve chegar a 200, segundo a SLU. O investimento total foi de R$ 6,4 milhões, incluindo a compra dos contêineres e de caminhões adaptados. 

“Toda medida nesse sentido é bem-vinda para cidade. Agora, a sociedade precisa comprar a ideia, e ainda há um desinteresse. Sem campanhas educativas que busquem incentivar as pessoas, novos pontos de coleta não vão surtir tanto efeito”, destacou o professor de engenharia sanitária e ambiental da UFMG Raphael Tobias de Vasconcelos. 

Segundo Ana Paula, a SLU está distribuindo cartilhas para ensinar as moradores a utilizar as novas estruturas. “Além disso, fazemos campanhas nas rede sociais e reuniões com a população. Queremos que as pessoas separem os materiais e utilizem corretamente os equipamentos”, concluiu a gestora. 

Meta é focar na entrega voluntária

Atualmente, 36 dos mais de 400 bairros de Belo Horizonte recebem a coleta seletiva porta a porta. Até o fim do ano que vem, serão 46 bairros ao todo, segundo a SLU – o órgão não informou quais são as localidades. 

A meta da prefeitura é ampliar o serviço de 15% para 20% da população até 2021 e, depois, reduzir para 10% até 2036, já que o objetivo é que a população leve os resíduos até os pontos de entrega voluntária. 

Treinamento. Catadores de cooperativas foram contratados e estão sendo treinados para fazer a coleta nos caminhões da prefeitura. Para Carina Pereira dos Santos, 34, membro da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável (Asmare) , a medida é uma demanda antiga da categoria. “Estamos com esperança. A gente entende disso e vive desse material”, afirmou. 

Como funciona

Descarte. Em cada ponto de entrega voluntária, haverá um contêiner exclusivo para vidro e outro para os demais recicláveis (papel, plástico e metal). Os equipamentos são vedados para evitar retirada indevida de materiais.

Vidro. Houve aumento de 2% para 8% no número de embalagens de vidro descartadas em BH em menos de dez anos, em virtude da entrada das cervejas em garrafas de vidro. O certo, do ponto de vista ambiental, é consumir bebidas em garrafa retornável ou, então, em latas ou plástico, pois possuem maior valor econômico.

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